sábado, 30 de abril de 2011

A Observação Silenciosa

Quando falamos da observação silenciosa, referimo-nos a um modo de escutar, uma forma de ver, a qual permite o observar em sua expressão direta e não qualificada. No processo da escuta, você pode descobrir que o observador está sempre julgando, criticando, comparando e avaliando. Este discernimento o leva por si só a uma posição na qual você não está envolvido no percebido. Então, uma sensação de espaço se abre entre sua observação e o observado, suscitando a compreensão de que o percebido surge em você, mas você não está limitado a qualquer coisa perceptível. O silêncio é nossa verdadeira natureza.

Então, o próprio pensamento é a raiz do problema?

Geralmente, conhecemos a nós mesmos nas percepções, nos estados. Nós apenas conhecemos a consciência de alguma coisa, a escuta de algo, etc. Nós não conhecemos a consciência pura sem um objeto.

Pensamentos, sentimentos e sensações são objetos da consciência, e não têm existência sem um sujeito que os observa. Visto que o que percebe nunca pode ser percebido, no momento em que um pensamento ou uma percepção aponta para ele, leva-o ao silêncio, ao ser puro, à consciência sem um objeto.

Então, o que é o que percebe?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Retornar à Fonte Una

Pergunta: Por que é que nós naturalmente parecemos pensar em nós mesmos como indivíduos separados?

Maharaj: Seus pensamentos sobre individualidade não são realmente seus próprios pensamentos; são todos pensamentos coletivos. Você pensa que você é a pessoa que tem os pensamentos; mas de fato os pensamentos surgem dentro da consciência. Conforme nosso conhecimento espiritual cresce, nossa identificação com um corpo-mente individual diminui, e nossa consciência expande-se na consciência universal. A força da vida continua a atuar, mas seus pensamentos e ações já não são limitados a um indivíduo. Transformam-se na manifestação total. É como a ação do vento - o vento não sopra para nenhum indivíduo em particular, mas para a manifestação total.

P: Como um indivíduo é possível retornar à fonte?

M: Não como um indivíduo; o conhecimento “eu sou” deve retornar à sua própria fonte. Agora, a consciência identificou-se com uma forma. Mais tarde, ela compreende que não é essa forma e segue adiante. Em alguns casos pode alcançar o espaço, e muito frequentemente, pára ali. Em muito poucos casos alcança sua fonte real, além de todo condicionamento.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Apontando o Bastão P/ o Velho Homem

Quando o grande mestre Padmasambhava estava no Eremitério da Grande Rocha, em Samye, Sherab Gyalpo de Ngog, um homem inculto de 61 anos que tinha a mais alta fé e grande devoção pelo mestre, serviu-o por um ano. Enquanto isso, Ngog não pediu qualquer ensinamento, nem o mestre lhe deu qualquer um. Quando, depois de um ano, o mestre decidiu partir, Ngog ofereceu-lhe um prato de mandala, sobre o qual colocou uma flor de uma onça de ouro. Então ele disse: Grande mestre, pense em mim com bondade. Em primeiro lugar, eu sou inculto. Em segundo, minha inteligência é pequena. Em terceiro, estou velho, então meus elementos estão fatigados. Peço que você dê um ensinamento a um velho homem à beira da morte, que seja simples de entender, que possa cortar totalmente a dúvida, que seja fácil de realizar e de aplicar, que tenha uma visão efetiva, e que me ajude em vidas futuras.

O mestre apontou seu bastão de andarilho para o coração do velho homem e deu esta instrução: Ouça aqui, velho homem! Olhe para a mente desperta de sua própria consciência! Ela não tem forma nem cor, nem centro nem borda. Primeiro, ela não tem origem, mas sim é vazia. Depois, ela não tem lugar de permanência, mas sim é vazia. No fim, ela não tem destinação, mas sim é vazia. Esta vacuidade não é feita de qualquer coisa, e é clara e cognitiva. Quando vir isto e a reconhecer, você conhecerá seu rosto natural. Você entenderá a natureza das coisas. Você verá então a natureza da mente, determinará o estado básico da realidade e cortará completamente as dúvidas sobre tópicos do conhecimento.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Desperto

Quando você está em sono profundo, o mundo fenomênico existe para você? Você não poderia, intuitiva e naturalmente, visualizar seu estado primitivo – seu ser original – antes que esta condição corpo-consciência irrompesse sobre você sem ser solicitada, por si mesma? Neste estado, você estaria consciente de sua “existência”? Não, certamente.

A manifestação universal está apenas na consciência, mas o ‘desperto’ tem seu centro de visão no Absoluto. No estado original de puro ser, não consciente de sua qualidade de ser, a consciência surge como uma onda sobre a extensão das águas, e o mundo aparece e desaparece na consciência. As ondas se levantam e caem, mas a expansão das águas permanece. Antes de todos os princípios, de todos os fins, eu sou. O que quer que aconteça, devo estar presente para testemunhar.

Não é que o mundo não ‘exista’. Ele existe, mas meramente como uma aparência na consciência – a totalidade do manifesto conhecido na infinidade do desconhecido, o não manifestado. O que começa deve terminar. O que aparece deve desaparecer. A duração da aparição é um assunto relativo, mas o princípio é que o que quer que seja sujeito ao tempo e à duração deve terminar e é, portanto, não real.

Você não pode perceber imediatamente que neste sonho da vida você ainda está dormindo, que tudo que seja reconhecível está contido nesta fantasia da vida? E que aquele que, enquanto conhecer este mundo objetificado, considerar-se uma ‘entidade’ separada da totalidade que conhece é, em realidade, parte integral deste mesmo mundo hipotético?

Considere também: Nós parecemos estar convencidos de que vivemos uma vida própria, de acordo com nossos próprios desejos, esperanças e ambições, de acordo com nosso próprio plano e objetivo, através de nossos próprios esforços individuais. Mas é realmente assim? Ou estamos sendo sonhados e vividos sem vontade, totalmente como fantoches, exatamente como em um sonho pessoal? Pense! Nunca esqueça que, assim como o mundo existe, embora como uma aparência, as figuras sonhadas também, neste ou naquele sonho, devem ter um conteúdo – elas são o que o sujeito do sonho é. É por isto que digo: Relativamente ‘Eu’ não sou, mas eu mesmo sou o universo manifesto.

S. Nisargadatta Maharaj

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Mente Finita /+ Deva Premal


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A ilusão da mente

O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento "eu". Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem apenas depois do pensamento "eu" e têm nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa “eu” surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa, “tu” e “ele”, ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.

domingo, 24 de abril de 2011

Meditação ou Atenção

A Essência do Budismo

A prática da plena atenção denomina-se trenpa em tibetano, o que literalmente significa ‘lembrança’. Antes que a percepção surja na meditação, o meditador precisa aprender a concentrar a mente, o que é obtido pela prática da plena atenção. Usamos um objeto específico para praticar a plena atenção. Quando esta é praticada por um certo período de tempo, a percepção surge como um produto da plena atenção.

Quando tivermos conseguido fazer isso com certo sucesso, passamos a usar a própria mente como objeto da meditação. Tentamos estar atentos aos pensamentos e emoções à medida que surgem, sem rotulá-los nem julgá-los; simplesmente observando-os. À medida que a observação prossegue, a plena atenção se transforma em percepção. Assim, se surgirem distrações, a pessoa se apercebe delas; se o embotamento ou torpor estiver presente na mente, a pessoa apercebe-se da presença. Com a prática da meditação da tranquilidade, a mente torna-se mais estabilizada.

Quando contemplamos a própria mente e a deixamos em seu estado natural, além da estabilidade mental, deve surgir também uma sensação de clareza. Não basta a mente ter se tornado estável; também é importante haver clareza. Nos ensinamentos Mahamudra, esses aspectos são descritos como ne cha, o aspecto da estabilidade, e sal cha, o aspecto da clareza. Uma mente estável, mas sem clareza, é deficiente. Tanto a clareza mental como a estabilidade precisam estar presentes. Se perseguirmos esse objetivo, mesmo quando surgirem pensamentos e emoções, a estabilidade e a clareza da mente não serão perturbadas.

sábado, 23 de abril de 2011

Ashtavakra Gita

(Ashtavakra Samhita)

Janaka (o Rei) disse:

Como o conhecimento é adquirido? Como a libertação é atingida? E como se chega à dissipação? Diga-me isto, Senhor.

Ashtavakra disse:

Se você está procurando libertação, meu mais querido, fuja dos objetos dos sentidos como do veneno. Beba o néctar da tolerância, da sinceridade, da compaixão, do contentamento e da honestidade.

Você não é nem terra, nem água, nem fogo, nem ar e nem mesmo éter. Para a libertação conheça a si mesmo como consistindo de consciência, a testemunha destes cinco.

Se você permanecer somente repousando na consciência, vendo-se a si mesmo como distinto do corpo, então mesmo agora você se tornará feliz, cheio de paz e livre das barreiras.

Você não pertence ao brâmane, ou ao guerreiro, ou a qualquer outra casta, você não está em nenhum estágio, nem você é algo que o olho possa ver. Você é livre e sem forma, a testemunha de tudo - agora seja feliz.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Auto-Inquirição

Questionador: Mas pedir para a mente voltar-se para dentro e buscar sua Fonte não é empregá-la?

Maharshi: É claro, estamos usando a mente. É de conhecimento comum que a mente só pode ser extinta com a ajuda da mente. Mas a diferença é que ao invés de começar dizendo que a mente existe e que eu quero destruí-la, você começa buscando sua fonte, e quando você encontra a Fonte você vê que a mente não existe. A mente voltada para fora resulta em pensamentos e objetos; voltada para o interior ela se torna ela mesma o Eu Real.

Eu não disse que você deve ficar rejeitando pensamentos. Se você agarrar a si mesmo – ou seja, se você agarrar o pensamento-eu ou ego – e mantiver-se interessado apenas nesse único pensamento, então os outros pensamentos serão rejeitados e desaparecerão automaticamente.

A investigação “Quem sou eu?” significa tentar encontrar a fonte do ego ou pensamento-eu. Então você não deve ocupar a mente com outros pensamentos, tais como “Eu não sou o corpo”, etc. Buscar a fonte do “eu” é um meio de se livrar dos outros pensamentos.

A individualidade é aquilo que está consciente da existência dos pensamentos e da sua sequência. Essa individualidade é o ego ou, como as pessoas dizem, é o “eu”.

Ilusão e Pensamento

Questionador: “ Porque o Ser não pode ser percebido diretamente?"

Bhagavan (Maharshi): “Somente o Ser pode ser percebido diretamente. Embora sejamos o Ser, o pensamento 'Eu sou esse corpo' está ocultando-o. Se abandonamos esse pensamento, o Ser, que está sempre presente com a experiência de todos, irá brilhar." Um verso do Kaivalya Navanitam explica a gênesis desse pensamento. "Por que sua natureza não é determinável, maia (ilusão) é inexprimível. Estão em suas garras os que pensam: 'Isto é meu, eu sou o corpo, o mundo é real.' Oh, filho, ninguém pode determinar como essa ilusão acontece. E ela surge porque falta na pessoa o discernimento para inquirir. "

Se vemos o Ser, o objeto que está sendo visto, não irá aparecer como separado de nós. Tendo visto todas as letras no papel, falhamos em ver esse papel como a base. Da mesma maneira, o sofrimento somente surge porque vemos o que está superposto à base, sem olharmos para a própria base. O que está superposto não deveria ser visto, sem que o substrato fosse visto, também. Como ficamos quando estamos dormindo? Quando estamos dormindo, os vários pensamentos como: "este corpo", "este mundo" não estão aí. Deve ser difícil se identificar com esses estados que aparecem e desaparecem. Todos têm a experiência ,"eu sou sempre ".  Ao invés de dizer, "eu dormi bem", "eu acordei", "eu sonhei", "quando inconsciente não sabia nada", é necessário que a pessoa exista, e que saiba que existe, em todos esses três estados. Se a pessoa procura o Ser dizendo: "Não me vejo", como poderá encontrá-lo? Para sabermos que tudo o que vemos é o Ser, é suficiente que o pensamento eu-sou-o-corpo deixe de existir.

S. Ramana Maharshi

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Verdade Total /+ Deva Premal


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A Libertação

Em seu estado de perfeição, a Consciência Total
É inconsciente de sua consciência;
Então a consciência se levanta
num gemido de Aum
e o sonho da criação começa.
É consciente de ser,
E exulta nesta condição de ser.
Imersa no amor do estado de eu sou,
Expressa-se na dualidade.
Através da união do duplo aspecto masculino-feminino,
Através dos cinco elementos:
Espaço, ar, fogo, água e terra,
Através dos três Gunas:
Sattva, Rajas e Tamas
Manifesta-se na duração.

domingo, 17 de abril de 2011

Deus é o fim do desejo e conhecimento

Você tem de desaprender tudo. Deus é o fim de todo desejo e conhecimento.

O Supremo é o mais fácil de ser alcançado, porque é o seu próprio ser. É suficiente parar de pensar e não desejar qualquer outra coisa que não seja o Supremo.

No fim das contas, você sabe que não há pecado, não há culpa, nem retribuição, há apenas vida, nas suas transformações sem fim. Com a dissolução do 'eu' pessoal, o sofrimento pessoal desaparece. O que permanece é a grande tristeza da compaixão, o horror da dor desnecessária.

Nenhuma matéria ou mente vem primeiro, porque nenhuma aparece sozinha. Matéria é forma, mente é nome. Juntas elas constróem o mundo. Permeando e transcendendo o mundo está a Realidade, puros ser-consciência-bem-aventurança, sua própria essência.

Verdadeiramente, tudo é em mim e por mim. Não há nada mais. A própria idéia de um 'mais', é um desastre e uma calamidade.

Quando o desejo e o medo se extinguem, os laços que o aprisionam também terminam. É o envolvimento emocional, o padrão do gostar e não-gostar, ao que nós chamamos de caráter e temperamento, que cria os laços que atam. Não tenha medo da liberdade, do desejo e do medo. Ela lhe permite viver uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão mais intensa e interessante, que verdadeiramente perdendo tudo você ganha tudo.

sábado, 16 de abril de 2011

A Simplicidade do Ser


Como posso recuar de minhas emoções, desejos e agitações de modo que eu possa manter-me na Pura Consciência?

Você não pode manter-se na Pura Consciência porque ela é o que você é. O que ela é e o que é você é a luz em toda percepção. Todos os objetos, todas as percepções dependem da luz, sua natureza real. Não podem existir sem perceber a luz. Eu chamo sujeito final a esta luz em todas as percepções. Está claro que não tem nada a ver com o sujeito, o “eu”, o qual passa por nós mesmos na relação sujeito-objeto. A percepção existe apenas porque você, luz, Consciência, sujeito final, ou como o quiser nomear, é.  A percepção aparece e desaparece em você.

Não Pensar

S. Nisargadatta Maharaj
M = Mestre
D = Discípulo

M: Sábio filho, abandone a mente – o atributo limitador que origina a individualidade, assim causando a grande enfermidade de repetidos nascimentos e mortes – e realize Brahman.

D: Mestre, como se pode extinguir a mente? Não é muito difícil? Não é a mente muito vigorosa, inquieta e sempre vacilante? Como se pode renunciar à mente?

M: Abandonar a mente é muito fácil, tão fácil quanto amassar uma flor delicada, tirar um fio de cabelo da manteiga ou piscar os olhos. Não tenha dúvida. Para um buscador resoluto, senhor de si e não enfeitiçado pelos sentidos, que pelo intenso desapaixonamento se tornou indiferente aos objetos externos, não pode haver a menor dificuldade em abandonar a mente.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Consciência - Matéria?

S. Nisargadatta Maharaj - Eu Sou Aquilo

Pergunta: Toma tempo compreender o Ser, ou o tempo não pode ajudar a compreendê-lo? É a auto-realização só uma questão de tempo ou depende de outros fatores além do tempo?

Maharaj: Toda espera é fútil. Depender do tempo para resolver nossos problemas é enganar-se. O futuro, deixado a si mesmo, meramente repete o passado. A mudança só pode acontecer agora, nunca no futuro.

P: O que produz uma mudança?

M: Veja com claridade cristalina a necessidade de mudança. Isto é tudo.

P: A auto-realização acontece na matéria ou além? Não é uma experiência que depende do corpo e da mente para acontecer?

M: Toda experiência é ilusória, limitada e temporal. Não espere nada da experiência.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Felicidade ilusória

Em alguns momentos, a sós conosco mesmos, experimentamos uma imensa carência interior. É a motivação-mãe que gera as demais. A necessidade de preencher esta carência, de apagar esta sede, nos leva a pensar, a agir. Sem sequer interrogá-la, fugimos de nossa insuficiência, tratamos de preenchê-la às vezes com um objeto, às vezes com um projeto, e logo, decepcionados, corremos de uma compensação à seguinte, indo de fracasso em fracasso, de sofrimento em ofrimento, de guerra em guerra.

Este é o destino do homem comum, de todos os que aceitam com resignação esta ordem de coisas que julgam inerente à condição humana.

Em face da morte...

S. Nisargadatta Maharaj . Sinais do Absoluto

Visitante: Meu filho único morreu há alguns dias em um acidente de carro, e eu achei quase impossível aceitar sua morte com uma coragem filosófica. Sei que não sou a primeira pessoa a sofrer tal perda. Também sei que cada um de nós terá que morrer algum dia. Tenho buscado alívio em minha mente recorrendo a todos os truques usuais pelos quais nos consolamos uns aos outros em tais situações. E, ainda assim, volto ao fato trágico de que um destino cruel privou de tudo o meu filho, na flor da juventude. Por quê? Por quê? Pergunto-me todo o tempo. Mestre, não posso superar minha dor.

Maharaj: É inútil e fútil dizer que eu estou aflito, pois, na ausência do ‘eu’  não há ‘outros’, e me vejo refletido em todos vocês.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Eu Sou...? / + BB King - How Blue...


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S. Nisargadatta Maharaj

Pergunta: É um fato da experiência diária que, ao despertarmos, o mundo repentinamente aparece. De onde ele vem?

Maharaj: Antes que algo possa chegar a ser, deve existir alguém a quem ele chega. Todo aparecimento e desaparecimento pressupõem uma mudança em relação a um fundo imutável.

P: Antes de despertar, eu estava inconsciente.

M: Em que sentido? No de haver esquecido ou no de não ter experimentado? Você não experimenta mesmo estando inconsciente? Você pode existir sem conhecer? Um lapso na memória é uma prova de inexistência? E você pode falar com validade sobre sua própria inexistência como uma experiência real? Nem sequer pode dizer que sua mente não existia. Não despertou ao ser chamado? E, ao despertar, não foi o sentido de “eu sou” que chegou primeiro?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Os Nove Mestres

(Navnath Parampara) - S. Nisargadatta Maharaj

Pergunta: Vejo aqui imagens de vários santos e me disseram que são seus antepassados espirituais. Quem são eles e como tudo isto começou?

Maharaj: Somos chamados coletivamente os ‘Nove Mestres’. A lenda diz que nosso primeiro mestre foi o Rishi Dattatreya, a grande encarnação da Trindade de Brahma, Vishnu e Shiva. Mesmo os ‘Nove Mestres’ (Navnath) são mitológicos.

P: Qual é a peculiaridade de seus ensinamentos?

M: A simplicidade, tanto em teoria como na prática.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amar/adorar a Deus é também ignorância

S. Nisargadatta Maharaj

Amar e adorar a Deus é também ignorância. Meu lar é além de todas as noções, não importa quão sublimes.

Deixe tudo para trás. Esqueça. Vá em frente, descarregado de idéias e crenças. Abandone todas as estruturas verbais, todas as verdades relativas, todos os objetivos tangíveis.

sábado, 9 de abril de 2011

Desejos e Medos 3 / + Universos parale..


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S. Nisargadatta Maharaj - Desejos e Medos

Desenvolva a atitude do testemunhar, e você descobrirá, pela sua própria experiência, que o desapego traz o controle. O estado do testemunhar é cheio de poder, não há nada de passivo nele.

Olhe cuidadosamente e você verá que o visto e aquele-que-vê aparecem apenas quando há a visão. Eles são atributos da visão. Quando você diz 'Eu estou vendo isso.' O 'Eu estou' e o 'isto' vêm junto com o 'vendo', não antes. Você não pode ter um 'não-visto' isto, nem um 'Eu estou' não-vendo. O saber é um reflexo da sua verdadeira natureza, junto com o ser e o amar. O conhecedor e o conhecido são somados pela mente. Está na natureza da mente criar a dualidade sujeito-objeto onde não há nenhuma.

Nascer significa... / + Pink Floyd The Darkside of the Moon 4

Nascer significa criar um mundo em volta de si mesmo como centro.

'Nada sou eu' é o primeiro passo. 'Tudo sou eu' é o seguinte. Ambos dependem da idéia 'Há um mundo'. Quando também isso é abandonado, você continua sendo o que você é - o Self não-dual. Você é isso aqui e agora, mas sua visão é obstruída pelas falsas idéias sobre si mesmo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Auto-Realização... / + O Ponto de Mutação

Saber que, o que quer que se conheça não pode ser eu mesmo, ou meu, é libertação. A liberdade da auto-identificação com um conjunto de memórias e hábitos, o estado de deslumbramaento ante o alcance infinito do Ser, sua criatividade inexaurível e transcendência total, o destemor absoluto nascido da compreensão da ilusoriedade e transitoriedade de cada modo de consciência - fluindo de uma fonte profunda e inexaurível. Conhecer a fonte como fonte e a aparência como aparência, e a si mesmo como a fonte é auto-realização. (S. Nisagardatta Maharaj)
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Ilusão... / + Yundi Li - 14th International Chopin Competition (2000)

Na realidade, você nunca nasceu e nunca morrerá. Mas você imagina que você é, ou tem, um corpo e pergunta o que o trouxe a esse estado. Dentro dos limites da ilusão, a resposta é: o desejo, nascido da memória, o atrai a um corpo e o faz pensar ser alguém com ele. Mas isso é verdadeiro apenas do ponto de vista relativo. Na verdade, não existe corpo, nem um mundo que o contenha; há apenas uma condição mental, um estado similar ao sonho, fácil de dissipar questionando sua realidade.  (S. Nisargadatta Maharaj)
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terça-feira, 5 de abril de 2011

Ser... / + Pink Floyd - The Dark Side of the Moon - Third Part


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Ser

Tente ser, apenas ser. A palavra mais importante é: 'tente'. Permita-se tempo suficiente, todos os dias, para sentar-se em silêncio e tentar, apenas tentar, ir além da personalidade com seus vícios e obsessões. Não pergunte como, não pode ser explicado. Você apenas continua tentando, até conseguir. Se você perseverar, não há como falhar.

Desejos e Medos... (cont.2)

O que evita a percepção da própria verdadeira natureza de cada um, é a fraqueza e a estupidez da mente, e sua tendência de evitar o sutil e focar apenas o grosseiro. Quando você segue a minha sugestão e tenta manter a mente apenas na noção de 'Eu Sou', você se torna plenamente consciente da sua mente e de seus devaneios. A consciência, sendo harmonia lúcida em ação, dissolve a estupidez, aquieta a agitação incessante da mente e, gentil mas firmemente muda sua própria substância. Essa mudança não precisa ser espetacular; pode ser dificil de perceber. Mesmo assim é uma mudança profunda e fundamental da escuridão para a luz, da inadvertência para a consciência. Por esse motivo, mantenha firmemente no foco da consciência a única pista que você tem; a certeza de Ser. Esteja com ela, brinque com ela, pondere sobre ela, mergulhe profundamente nela, até que a concha da ignorância se quebre e você emerja no reino da realidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desejos e medos.../+ Neil Young

Não há sentido em lutar contra desejos e medos, os quais podem ser perfeitamente naturais e justificados; é a pessoa que é envolvida por eles que é a causa dos erros, passados e futuros. Esta pessoa deveria ser cuidadosamente examinada e sua falsidade vista; então o seu poder sobre você terminará. Além do mais, ela desaparece cada vez que você vai dormir.

Onde estão os muitos pontos da consciência? Na sua mente. Você insiste que o mundo é independente da sua mente. Como pode ser? Seu desejo de conhecer a mente das outras pessoas é devido ao seu desconhecimento de sua própria mente. Primeiro conheça sua própria mente, e você verá que a questão das outras mentes não se apresenta, porque não há outras pessoas. Você é o fator comum, o único elo entre as mentes. Ser é consciência.'Eu Sou' se aplica a todos.

(S. Nisargadatta Maharaj)
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Deus cuida... / + M. Waters, B. Guy & J. Wells-H. Coochie Man


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"Deus cuida dessas coisas de gerenciar o universo; mas ele ficaria feliz em ter alguma ajuda. Quando o ajudante é altruísta e inteligente, todos os poderes do universo estão sob seu comando."


(S. N. Maharaj)

sábado, 2 de abril de 2011

S.R. Maharshi - Ensinamentos

MEDITAÇÃO E CONTROLE MENTAL.
“A meditação (dhyana) é uma batalha, pois constitui o esforço de manter-se em um pensamento, excluindo todos os demais. Outros pensamentos surgem e tentam afundar aquele pensamento objeto da meditação; quando este ganha força os outros desaparecem. O controle da respiração (pranayama) é para aquele que não consegue controlar diretamente seus pensamentos; tem a mesma utilidade que um freio tem para um carro. Contudo, não devemos parar com o controle da respiração. Após atingir o objetivo – acalmar a mente inquieta – devemos empreender a prática da concentração. Com o tempo, será possível deixar de lado o controle da respiração; a mente então se aquietará tão logo se tente a meditação. Quando a meditação está bem sedimentada, não mais podemos desistir dela. Continuará automaticamente durante o trabalho, lazer e outras atividades. Continuará até mesmo durante o sono. O meio de se estabelecer na meditação é a própria meditação. Nem o japa (repetição mental de palavras ou frases) nem um voto de silêncio se fazem necessários. Se a pessoa se envolve em atividades mundanas de cunho egoísta, de nada adianta um voto de silêncio. A meditação extingue todos os pensamentos e então só resta a Verdade.”

LIGHTNIN HOPKINS " GOIN DOWN SLOW"

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Domínio do Ser

Swami Paramananda - O Domínio do Ser

A sede pela felicidade é um instinto comum em toda a humanidade; mas nem todos possuem o segredo de adquiri-la, nem o poder de retê-la quando ela surge. Isto requer sabedoria e paciência. Talvez por esta razão os grandes homens de todos os países e épocas enfatizaram tremendamente a vida de autodisciplina e autocontrole. A autodisciplina nos capacita a organizar e unir todas as nossas forças fragmentadas. Isto necessariamente aumenta nosso poder para o pensamento e para a ação. Não é verdade, apesar de parecer ser, que nós temos muitos fatores isolados em nossa vida. A mesma energia que pulsa através de nosso coração e cérebro também opera nossas mãos e pés; por isso aprender a acumular e controlar esta energia inerente, que agora desperdiçamos pela falta de coordenação e cooperação, significaria o bem mais desejável em nossa vida.