J. Boehme

                                                           CAPÍTULO IV
A CRIAÇÃO

Tudo o que vemos na natureza é verdade manifestada, apenas não somos capazes de reconhecer tal coisa, a menos que a verdade esteja manifestada em nós.

Deus é a causa eterna, auto existente, universal, fundamental e suprema; glória inimaginável e absoluta, perfeição, bondade, beleza, magnificência e esplendor. Ele criou tudo de Si mesmo, já que não havia nada de onde se pudesse criar algo, senão Ele mesmo. Portanto, é lógico supor que os primeiros poderes criados por Ele, os que se encontravam mais perto, eram certamente espirituais e divinos; toda as existências inferiores mais remotas de Seu estado supremo pertencem a uma condição de criação mais "material". O mesmo pode ser observado no homem. Seus pensamentos estão mais perto de seu centro espiritual e do seu eu, do que seus músculos e ossos, e o reino de sua alma está mais perto de seu espírito do que seu corpo material, e quanto mais santos forem seus pensamentos, mais ele será capaz de se comunicar com o Deus de seu interior. Boehme diz:

"Deus criou os santos anjos, não através de alguma substância estranha a seu próprio ser; Ele os criou de seu próprio ser, de Seu poder e sabedoria eterna". (Aurora, IV. 26).

Verdadeiramente, se não havia nada além de Deus, significa que Deus é o Todo, e não há nada que não seja Deus. No entanto, aquelas criações de Deus, mais afastadas do centro divino, não são divinas, e, portanto não são Deus.

"É dito que Deus é tudo, que Ele está no céu e na terra, e também no mundo externo; tal afirmação é verdadeira, de certa forma; porque tudo se origina em Deus e de Deus. Mas de que serve essa doutrina, que não é uma religião? Tal doutrina foi aceita pelo demônio, que queria se manifestar e ser poderoso em todas as coisas". (Tilk. I.140).

O Panteísmo pode satisfazer o racional, que está longe da percepção espiritual, mas o verdadeiro conhecimento divino não tem nada haver com o Panteísmo, nem com o Teísmo racional. Não se pode confundir os termos "Deus" e "mundo". O universo não é idêntico a Deus, nem o espírito do homem é idêntico ao seu corpo. Nem mesmo o Cristo é idêntico a Deus, já que Ele tornou-se humano.

"O mundo externo não é Deus, e não será Deus em toda eternidade. O mundo é meramente um estado de existência onde Deus está manifestando a Si próprio. (Stief, II. 316)".

Deus não é homem.

"Sempre haverá que se fazer uma distinção entre a Divindade e a humanidade, entre a vontade humana e a vontade de Deus". (Stief, II. 95).

A lua não tem luz própria; ela simplesmente reflete a luz do sol. No entanto, a luz que vem da lua não é igual a do sol. Da mesma forma, a vontade e a consciência do homem derivam-se de Deus, mas tudo isso é humano e não divino.

"Se um homem diz a si mesmo: ‘Eu, o verbo vivo de Deus, realizo isso e aquilo, nessa santa carne e osso’, ele desonra o sagrado nome de Deus; Isso também vai contra a doutrina da Bíblia; pois, sempre que o intelecto de um homem foi escolhido para a profecia, o profeta não dizia: ‘Eu, Fulano de Tal, digo isso ou aquilo, mas ‘Assim fala o Senhor!’. Isso significa que o Senhor fala nesse homem e através desse homem, que é Seu intermediário e Seu instrumento". (Stief., I.84).

Um homem nunca poderá ser Deus; nem mesmo o Cristo em Seu aspecto humano, pretendeu tal coisa.
O Cristo nunca disse: "Eu, em minha humanidade, sou a voz de Deus, Falo como Deus, no Deus e com Deus, etc.", mas dizia: "As palavras que pronuncio são do Pai, que vive em mim" - ou seja, que vive em minha humanidade ou eu natural". (Stief, I.94).

Para o racional cego, Deus é um cego universal e um poder inconsciente; o deus existente na imaginação da mente pequena e sectária, também é pequeno; mas para o iluminado, seu Deus é um ser pessoal (individual), um Pai de amor, que reside em Sua santa onipotência, superior a tudo que possa ser concebido.

"Não imagine Deus como sendo um poder cego, existindo ou movimentando-se no céu ou além e acima do céu, desprovido de razão ou conhecimento, comparável ao sol, que gira em torno de sua órbita, emitindo luz e calor, sem se importar se isso beneficia ou não a terra e suas criaturas. Não! O Pai não é isso; mas Ele é onipotente, sábio, o Deus que tudo sabe; Nele mesmo, Ele é bom, generoso e misericordioso, alegre e regozija-se em si mesmo". (Aurora, III. II).

"Se o leitor considerar a profundeza do céu, as estrelas, os elementos e a terra, não irá, com certeza, ver com seus próprios olhos, a Divindade pura e cristalina, embora Deus esteja ali, dentro de tudo isso; mas se você elevar seus pensamentos e direcionar sua mente a Deus, que em Sua santidade governa com o Todo, estará então penetrando o céu e alcançando o próprio coração sagrado de Deus". (Aurora, XXIII. II).

Deus não está sujeito à lei da evolução, mas a lei tem seu fundamento em Deus. Deus como um Espírito, eternamente perfeito em si mesmo, não precisava criar, com o intuito de se aperfeiçoar. Não há ser que possa se aperfeiçoar através do próprio poder, ou de oferecer a si mesmo algo que está fora de seu alcance. O crescimento de uma planta e o desenvolvimento de uma alma humana requer a presença de um poder superior. Um Deus capaz de crescer pressupõe a presença de um Deus superior de onde pudesse extrair poder. Só aquilo que vem de cima pode surgir ali novamente, como está simbolizado pelo duplo triângulo entrelaçado.

"Antes da criação do céu, das estrelas, dos elementos e também antes da criação dos anjos, não havia nada senão a Divindade, reproduzindo a si mesma, doce e amorosamente, concebendo de sua própria imagem". (Aurora, XXIII. 15).

Deus não fez o mundo a partir de algo intelectualmente conceptível ou a partir de algo que não fosse ele mesmo; tampouco o homem cria as imagens que constituem seus pensamentos a partir de algo que não seja sua própria mente. Antes da criação Deus encontrava-se em repouso (subjetivamente) como uma semente em Sua própria integridade e perfeição, comparável à imaginação de um homem cuja mente repousa no sono tranqüilo, enquanto que o espírito divino nele é auto consciente.

"Não podemos dizer, verdadeiramente, que este mundo foi feito a partir de algo". (Signature, XIV. 7).

"Não podemos supor racionalmente qualquer formação ou diferenciação existente no eterno UM da qual, ou de acordo com a qual (formação) algo poderia ser feito; pois se tal forma ou predisposição de fazer uma forma existisse, haveria de ter outra causa, além de Deus, de onde a forma resultaria, então haveria algo mais (outro deus) e não o Um e eterno Deus". (Baptism, I.I).

"A criação nada mais é do que a revelação do Deus insondável e essencial, e tudo o que existe em sua própria evolução eterna, que não tem princípio, também está nessa criação. Mas a criação está para Deus, assim como uma maçã está para a árvore. A maçã não é a árvore, mas cresce pelo poder da árvore. Do mesmo modo tudo tem sua origem no desejo divino; o desejo é o que o faz entrar num ser. No princípio não havia nada para produzir o todo, exceto o mistério da geração eterna (evolução)". (Signature, XVI.I).

"Imagine uma mãe (um ventre) contendo uma semente em si. Enquanto ela contém a semente como tal, esta pertence a ela, mas quando a semente torna-se uma criança então a semente não pertence à ela, mas é propriedade da criança. O mesmo ocorre com os anjos. Todos foram configurados a partir da semente divina; mas depois que isso foi feito, cada um possui seu próprio ser corpóreo". (Aurora, IV. 34).

"A razão pela qual o Deus imutável criou o mundo é um mistério insondável; só se pode dizer que Ele o fez em seu amor". (Hamberger).

Deus, sendo conhecimento puro, não necessita recorrer ao raciocínio, a fim de alcançar um objetivo; Ele é seu próprio sujeito e objeto, auto suficiente e eterno. Só se pode dizer que Ele cria porque é uma fonte de amor que flui continuamente, assim como o brilho do sol; pois Ele é uma fonte inesgotável de luz.

"Como é que Deus movimentou-se para produzir a criação, sendo Ele imutável, não se sabe, e qualquer tentativa de descobrir, só produziria confusão na mente". (Menschwerdung, I.2,5).

"Não podemos dizer como é que aquilo que estava eternamente na essencialidade de Deus entrou em movimento, pois não havia nada que pudesse ter feito Deus se movimentar, e a vontade de Deus é eterna e imutável. Só podemos dizer que o Três estava desejoso de ter filhos de sua própria espécie". (Forty Questions I. 273).

O mundo não poderia ser feito como é agora, diretamente do puro e divino estado de ser. Em seu aspecto material, o mundo é material, e não espiritual. Deus é imutável e independente das condições externas (que não existem para Ele); mas as manifestações de Seu poder mudam segundo as condições causadas por suas relações mútuas. Assim, a luz do sol permanece sempre a mesma, mas oferece várias nuances para as flores, de acordo com suas próprias qualidades individuais.

"Nenhuma criatura pode emanar do puro estado divino de ser, já que esse estado não tem causa, nem princípio e tampouco pode ser trazido a um princípio". (Grace, VIII. 45).

"Com a luz e o coração de Deus, como tais, nada pode ser criado; porque, a luz é o fim da natureza e não possui qualidade. Portanto, ela não pode mudar ou tornar-se algo, mas permanece sempre a mesma na eternidade". (Three Principles, X 41).

No entanto, é o Deus Trino que cria todas as coisas a partir da natureza eterna. Podemos dizer que o mundo, como o conhecemos, é constituído inteiramente de formas de calor, de movimento, de condições elétricas ou luz, etc. Tudo isso é verdade no que se refere às relações que nos tocam. Todos esses poderes são apenas modos de modificação de um poder primordial e originalmente divino, ou seja, a vontade de Deus atuando em Sua própria e eterna sabedoria.

"O Deus Trino e eterno criou todas as coisas através do Verbo, de Seu próprio Ser, ou seja, de Seus dois aspectos ou qualidades: a natureza eterna, a fúria ou cólera, e de Seu amor, através do qual, a cólera ou ‘natureza’ era pacificada. Assim, Ele tudo criou, fazendo com que tudo adquirisse uma existência". (Stief. II. 33).

"O Pai, sendo a vontade primordial, pronuncia todas as coisas através do Verbo, do centro da liberdade; mas a emissão do Pai através do Verbo é o espírito do poder, e esse espírito dá forma àquilo que foi falado, a fim de que apareça como um espírito". (Threefold Life II. 63).

Esse poder mágico, ou "Verbo", tem estado com Deus desde a eternidade, e como tal é Deus e o "Cristo" em seu aspecto divino puro.

Não existe tempo algum em que "Deus adormece" ou perde Sua auto consciência; tampouco a idéia de criar vem até Ele de alguma influência exterior; mas Deus sustenta o universo desde toda eternidade em Sua sabedoria como um espelho, e pelo ato da criação Ele projeta na objetividade (por assim dizer) a imagem existente subjetivamente Nele. Ou seja, é a natureza e não Deus que repousa durante as noites da criação, do mesmo modo que o corpo do homem repousa, enquanto seu espírito permanece auto consciente em sua própria esfera.

"A sabedoria é uma imaginação divina, onde as idéias dos anjos e almas foram vistas na eternidade; não como criaturas reais e substanciais, mas não essencial como as imagens num espelho". (Clavis, X.5).

"A semelhança de Deus, tendo sido vista na sabedoria de Deus desde toda eternidade, e na qual Deus criou o Homem, era sem vida e sem substancialidade antes do princípio dos tempos deste mundo. Era um mero reflexo da imagem onde Deus viu como Ele seria numa imagem". (Stief, II. 123).

"O Homem não existe desde a eternidade; mas apenas como uma sombra de uma imagem, onde Deus em Sua sabedoria soube de todas as coisas desde a eternidade, no espelho de Sua própria sabedoria". (Stief, II 143).

A vontade de Deus é uma só; mas através de sua ação na natureza eterna uma enorme quantidade de poderes divinos são produzidos. As idéias existentes na mente universal são inumeráveis, e, portanto, há a possibilidade de inumeráveis diferentes formas virem à existência pela ação da vontade divina. Não há, portanto, nada perfeito além da Divindade, e conseqüentemente existem em todos os planos seres de diferentes estados de perfeição, e capaz de tornar mais perfeito por meio da vontade de Deus, que é a lei da evolução.

"As espécies e criaturas são tão variadas quanto os pensamentos eternos na sabedoria de Deus". (Three Principles IX.37).

"Como os poderes divinos são múltiplos, inumeráveis, há uma diferenciação de idéias e uma diferença entre os anjos; em conseqüência disso alguns aparecem como reis ou governantes e outros como servos". (Theosophic Questions V. 9-12).

"Como não há nada perfeito exceto a Árvore divina, conseqüentemente todas as coisas diferem uma das outras; do mesmo modo, os anjos possuem diferentes qualidades". (Threefold Life V.90).

Esses "anjos" (bons ou maus) vivem em poderes conscientes existentes na natureza. Nem o poder de Deus, nem qualquer anjo, ou demônio ou criatura de qualquer espécie, pode ter qualquer existência fora da Natureza, ou seja, fora do obscuro campo-ígneo, a vontade de Deus, de onde tudo nasce.

"Nenhum espírito criado pode existir sem o mundo-ígneo. Até mesmo o amor de Deus não existiria, se a cólera de Deus, ou o mundo do fogo, não existisse Nele; pois a cólera ou o fogo de Deus é a causa da luz, força, poder e onipotência. (Stief. II. 4)".

"A cólera (o fogo) é a raiz de todas as coisas e a origem de toda vida; nela está a causa de toda força e poder, e dela emanam todas as maravilhas (manifestação de poder). Sem aquele fogo não haveria consciência, mas tudo seria um mero nada". (Three Principles XXI. 14).

"Nenhum ser pode nascer a menos que tenha em si o triângulo ígneo, ou seja, as três primeiras formas naturais". (Grace, II. 38).

Toda forma é um produto ou manifestação de um poder que a constrói. Sem a presença desse poder não haveria manifestação; tampouco pode qualquer forma exercitar ou conhecer tal poder exceto aquele que nela existe.

Portanto um ser incapaz de qualquer emoção seria incapaz de elevar-se acima da esfera das emoções; um ser sem energia para cometer o mal, não teria energia para alcançar o bem.

A fundação de onde surgem todos os poderes e idéias é eterna; mas os seres criados possuem um início no tempo.

"Tudo existe desde toda eternidade, mas apenas como idéias, não como coisas existentes corporalmente. Somente espíritos incorpóreos existiam (como idéias) na eternidade, como num mundo de magia, onde uma coisa contém a outra na potencialidade". (Forty Questions XIX.7).

"A criação dos anjos tem um princípio, mas não aquele dos poderes, de onde foram criados. Esses poderes são co-eternos com o princípio eterno". (Mysterium, VIII. I).

"Na eternidade, na Vontade eterna, havia uma natureza, mas ela existia ali apenas como um espírito, e sua essencialidade não estava manifesta exceto no espelho daquela Vontade, ou seja, na sabedoria eterna". (Signature, XIV. 8).

"O mysterium magnum é o Caos de onde se origina o bem e a mal, luz e trevas, vida e morte. É o fundamento ou ventre de onde emanam almas, anjos e todos os tipos os outros tipos de seres, e onde estão contidos como numa causa comum, comparável a uma imagem que está contida num pedaço de madeira antes que o artista a corte". (Clavis, VI 23).

Na alma do homem existe, potencialmente, todo o universo – céu e inferno, Deus e o demônio, anjos e espíritos, a totalidade dos reinos infernal, terrestre e celeste, com todos seus poderes e essências; mas a menos que esses poderes se tornem manifestos como formas (seres criados num plano terrestre, astral ou espiritual), não podem ter existência reconhecível aos sentidos internos do homem.

A criação foi um ato da vontade livre de Deus, não induzida por nenhuma causa inferior. A vontade de Deus não seria divina se não fosse livre. Ela é a lei e, portanto não está sujeita à "lei natural". Ou a lei dos mecanismos. A criação ocorreu pelo desdobramento da natureza eterna de Deus, por onde, através de Seu amor ativo ou desejo, fez com que aquilo que havia Nele meramente como um espírito (subjetivamente) tornasse substancial e corporal (objetivo).

"O mundo criado existia antes do mysterium magnum, pois todas as coisas encontravam-se numa condição espiritual na sabedoria, como numa contínua atividade ou luta de amor. A Vontade única concebeu essa forma espiritual no Verbo, e permitiu a inteligência (a consciência separada, ou seja, a qualidade azeda e adstringente), agir sem restrição, a fim de que cada poder pudesse entrar ou se construir numa forma de acordo a essa própria qualidade específica". (Grace, IV. 12).

"A Mente eterna está sempre desejosa de poder, e o poder é a adstringência, e a adstringência é a contração, atração, ou o Fiat eterno, que cria e torna corporal aquilo que a Vontade eterna deseja em sua própria benevolência. A Vontade deseja através do Fiat agudo, trazer para a substancialidade (tornar objetivo) aquilo que mantém na Sabedoria eterna". (Three Principles XIV.74).

Assim, o espírito divino no homem, através de seus pensamentos, traz os poderes que existem em seu microcosmo para formas que são objetivas para ele, e que formam o mundo alma em que ele reside.

A criação só poderia se tornar realmente completa através da atividade de todos os sete espíritos divinos. De certa forma, não era Deus, a Causa primordial, que diretamente criou o mundo, mas os elohims ou "poderes" criaram o mundo, através do poder recebido da causa fundamental.

"O universo com todos os seus seres foi criado da natureza eterna, dos sete espíritos da natureza eterna". (Threefold Life III.40).

"Sempre que algo nasce da Essência divina, é trazido para a forma, não meramente por um espírito, mas por todos os setes". (Aurora, X.4).

"Quando a Divindade movimentou-se, com o propósito de criar um mundo, movimentou suavemente a qualidade adstringente, contraindo-a no divino sal-nitre". (Aurora, XIII. 94).

Na formação dos seres, seus próprios espíritos co-operam com o Espírito universal. A Vida universal não produziria uma árvore, com os quatro elementos, se não houvesse uma semente contendo as qualidades necessárias para crescer como árvore. No entanto, pela expressão ‘seu próprio espírito’, não compreenda como se esses espíritos fossem algo essencialmente diferente de Deus. Eles são meros centros individuais, que recebem seu poder da Fonte universal do amor.

"Originalmente o espírito é um fluxo mágico ou uma explosão de fogo, que deseja a substancialidade, ou seja, a forma. Essa é então causada pelo desejo, e continua a corporalizar o espírito, e o espírito passa a ser chamado de ser criado". (Tilk. I 186).

Todo ser humano tem em si a capacidade de criar, mas nem todos possuem esse poder desenvolvido. Qualquer um pode imaginar, mas nem todos são artistas para trazer os objetos de sua imaginação a uma forma objetiva externa, numa pintura ou escultura. Do mesmo modo, todos possuem poderes malignos e benignos, mas nem todos têm a força espiritual suficientemente desenvolvida para criar deles formas conscientes e vivas.

"O centro de cada coisa é espírito, coexistindo com o Verbo. A separação (diferenciação) de algo (através da qual esse algo se distingue do resto) está na qualidade de sua vontade, através da qual assume uma forma ou estado de ser de acordo com seu próprio desejo essencial (predominante)". (Cartas, XLVII. 5).

"Ainda hoje, o ato de criação continua, e não terá fim até a chegada do Julgamento de Deus. Então, aquilo que cresceu na santa árvore da vida irá separar-se das ervas e espinhos". (Three Principles XXIII.25).

"Se Deus irá ou não criar algo mais de Sua vontade, após o fim desses tempos, não é perceptível pelo meu espírito, pois ele não vai além do próprio centro onde habita, e ali é o paraíso e o reino do céu". (Principles, IX. 41).

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