quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A oração - Evágrio Pôntico

Oração, meditação ou contemplação

"Não imagines possuir a Divindade em ti, quando oras, nem deixes tua inteligência aceitar a marca de uma forma qualquer; mantém-te como imaterial diante do Imaterial e compreenderás"

"Não poderias possuir a oração pura, estando perturbado com coisas materiais e agitado por inquietações contínuas, pois a oração é abandono dos pensamentos"

"A oração é produto da doçura e da ausência de ira"

"Esforça-te por manter teu intelecto surdo e mudo durante a oração: assim poderás orar"

"Se oras verdadeiramente, sentirás uma grande segurança: os anjos te escoltarão como a Daniel e te iluminarão sobre as razões dos seres"

"Se queres orar como convém não entristeças nenhuma alma; senão, corres em vão"

"Bem-aventurada a inteligência que, no momento da oração, torna-se imaterial e despojada de tudo"

"A oração é uma ascenção da inteligência para Deus"

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Presente da Águia

Cinco Proposições Explicativas

1 — O que percebemos como mundo são os comandos da Águia.

Dom Juan explicou que o mundo que percebemos não tem existência transcendental. Nossa familiaridade com ele nos leva a acreditar que o que percebemos é um mundo de objetos existentes como os percebemos, quando na verdade não há um mundo de objetos, mas sim um universo dos comandos da Águia.

Esses comandos representam a única realidade imutável. É uma realidade que engloba tudo o que existe, o perceptível e o não-perceptível, o conhecível e o não conhecível.

Os observadores que vêem as emanações da Águia chamam-nas de comandos por causa da sua força compulsória. Todas as criaturas vivas são compelidas a usar as emanações, e usam-nas sem nunca saberem o que elas significam. O homem padrão interpreta-as como realidade. E os observadores que vêem as emanações interpretam-nas como o regulamento.

Apesar dos observadores verem as emanações, não há um meio deles saberem o que estão vendo. Ao invés de entrarem em conjeturas supérfluas, entram numa especulação funcional de como os comandos da Águia podem ser interpretados. Dom Juan insistia em dizer que ao intuirmos uma realidade que transcende o mundo percebemos remanescentes a nível de conjeturas, não é suficiente resumir que os comandos da Águia são percebidos de uma vez só por todas as criaturas vivas da terra e que não há uma criatura que perceba igual à outra. Os guerreiros devem ter como objetivo presenciar o fluxo das emanações e ver como o homem e os outros seres vivos usam-nas para construir seu mundo perceptível.

Quando eu propus o uso da palavra “descrição” em vez de comandos da Águia, Dom Juan esclareceu que não estava construindo uma metáfora. Disse que a palavra “descrição” tem uma conotação de concordância do homem, e que o que percebemos deriva de um comando no qual a concordância do homem é deixada de fora.

2 — A atenção é o que nos faz perceber os comandos da Águia como vestígios.

Dom Juan disse que a percepção é uma faculdade física cultivada por todos os seres vivos da terra; nos seres humanos o resultado final é conhecido pelos observadores como “atenção”. Acrescentou que qualquer tentativa de defini-la é perigosa, pois transforma uma realização mágica numa coisa comum. Descreveu a atenção como a utilização e canalização da percepção. Disse que é a nossa maior realização em separado, cobrindo toda a gama de alternativas e possibilidades humanas.