quinta-feira, 17 de março de 2011

B. Gita - Canto XI


O Canto do Senhor
A Visão da Forma Cósmica de Deus


Fala Krishna:

32. Eu sou o tempo eterno, o destruidor dos mundos; eu destruo qualquer gênero humano; de todos os guerreiros que aqui contemplas, não sobreviverá um só.

33. Ergue-te, pois, e reveste-te de coragem! Conquista vitória e glória! O meu poder já derrotou o inimigo –seja teu braço apenas o instrumento do meu poder!


34. Esmaga-os todos. Drona e Bhisma, Jayadratha e Karma e todos os demais guerreiros valentes. Eu já os matei. Não temas! Lança-te à luta - e serás vencedor!

Fala Sanjaya:

35. Depois de ouvir estas palavras, ergueu Arjuna as mãos com reverência ao Senhor dos mundos e, repleto de temor, com os lábios trêmulos, assim falou a Krishna:

Fala Arjuna:

36. Com razão, ó Krishna, exulta o mundo em Tua luz e glória. Fogem espavoridos, os gigantes, e os anões tombam a Teus pés.

37. Só a Ti compete a glória, ó soberano dos mundos; mais alto que Brahman, o criador, és Tu a causa primeira, o Ser Supremo, o Deus dos deuses que habitam o Universo. Tu, o uno, que existes e inexistes, porque trancendes um e outro.

38. Tu és a divindade primordial, o antigo princípio gerador, o supremo receptáculo de todo o cosmo; és aquele que conhece e o objeto do conhecimento, a morada suprema; o Universo está pleno de Ti, ó senhor todopoderoso.

39. Tu és o Deus do ar, o Deus do fogo, o Deus dos oceanos e o Deus dos mortos; és a Lua, o gerador e o bisavô do mundo. Louvado sejas mil e mil vezes!

40. Adoro-Te diante de Ti, a Tuas costas, e por toda a parte, ó Tu que és o todo! Imenso é Teu poder, infinita Tua força; em Ti se encontram todas as coisas, portanto és o todo.

41. Se considerando-Te como simples amigo fui irreverente dizendo:
"Krishna, Yâdava, meu amigo"; se desconhecí Tua inefável majestade, seja por inadvertência, seja porque me cegara o afeto;

42. Se Te odendí algum dia, brincando, estando deitado ou à mesa, a sós ou em companhia de outros, imploro o Teu perdão, Deus imenso e inconcebível.

43. Tu és o pai do mundo animado e inanimado, és digno de veneração e o mais respeitável mestre espiritual. Não há nada que possa igualar-Te, como poderia alguém superar-Te, se nos três mundos é sem par Tua grandeza?

44. Prostrado pois, humildemente a Teus pés, imploro Tua clemência, ó ser digno de louvor. Perdoa-me senhor, como o pai perdoa o filho; o amigo, o amante, sua amada!

45. Meu coração se rejubila ao ver a maravilha até agora oculta a todos os olhares, mas ao mesmo tempo se sobressalta temeroso. Mostra-Te pois, em Tua forma; ouve meus rogos, Senhor dos deuses, sustentáculo dos mundos.

46. Anseio por ver-Te como antes, coroado com a tiara empunhando a maça e o disco. Assume de novo Tua forma de quatro braços, ó Tu que estás dotado de mil braços e formas inumeráveis.

Fala Krishna:

47. Por uma graça especial e em virtude de meu poder místico, revelei-te, Arjuna, minha forma suprema, gloriosa, infinita, universal e primitiva, que até o presente, ninguém além de ti pôde admirar.

48. Nem pelo estudo dos Vedas, nem através de sacrifícios, dádivas, obras piedosas e mortificações acerbas, nenhum mortal, além de ti, pode alcançar semelhante visão, ó príncipe dos kurus.

49. Não tenhas receio, nem te conturbes por essa visão terrível. Afasta o temor, alegra-te e contempla Minha outra forma.

Fala Sanjaya:

50. Dizendo isso, Vâsudeva manifestou-Se novamente em sua forma humana. Mostrando-Se assim em sua forma plácida, o Senhor magnânimo tranqüilizou o aterrado Arjuna.

Fala Arjuna:

51. Ao ver-Te novamente em Tua aprazível forma humana, ó Janârdana, minha razão serena e a calma renasce em meu peito.Fala Krishna:

52. A forma superior que acabas de admirar, raramente pode ser percebida. Mesmo os deuses anseiam por contemplá-la.

53. Mas ninguém pode ver-Me tal como Me vistes, nem pelo estudo dos Vedas, nem à custa de mortificações, esmolas e oferendas.

54. Somente através de uma dedicação exclusiva a Mim é possível conhecer- Me em essência e entrar em Meu ser, ó terror de teus inimigos.

55. Aquele que se torna instrumento de minhas ações, que faz de Mim a meta suprema de seus anseios e Me serve com devoção, livre de apegos e de inimizade por qualquer criatura vem a Mim, ó filho de Pându.

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