sábado, 9 de abril de 2011

Desejos e Medos 3 / + Universos parale..


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S. Nisargadatta Maharaj - Desejos e Medos

Desenvolva a atitude do testemunhar, e você descobrirá, pela sua própria experiência, que o desapego traz o controle. O estado do testemunhar é cheio de poder, não há nada de passivo nele.

Olhe cuidadosamente e você verá que o visto e aquele-que-vê aparecem apenas quando há a visão. Eles são atributos da visão. Quando você diz 'Eu estou vendo isso.' O 'Eu estou' e o 'isto' vêm junto com o 'vendo', não antes. Você não pode ter um 'não-visto' isto, nem um 'Eu estou' não-vendo. O saber é um reflexo da sua verdadeira natureza, junto com o ser e o amar. O conhecedor e o conhecido são somados pela mente. Está na natureza da mente criar a dualidade sujeito-objeto onde não há nenhuma.

O mal é a sobra da desatenção. Sob a luz da auto-consciência irá secar e cair.

O mundo teve todo o tempo para melhorar, mas não melhorou. Que esperança há para o futuro? Claro, tem havido períodos de harmonia e paz quando a pureza, a luz e a harmonia estão em ascenção. Mas as coisas se destroem pela sua própria perfeição. Uma sociedade perfeita é necessariamente estática e, por essa razão, estagna e decai. A partir do topo, todas as estradas levam para baixo. Sociedades são como pessoas - elas nascem, crescem até um ponto de relativa perfeição e então decaem e morrem. Comentário: Dentro do contexto em que essa citação é apresentada, deve ser visto que o tempo, que engloba o futuro imaginado, é uma função do processo cognitivo mental. Assim, evidentemente, sob a óptica do Absoluto, não há esperanças para o futuro, já que nem futuro nem passado existem propriamente. Apenas o presente É. Viver centrado no Ser-que-se-É, consciente de Si mesmo, dispensa a necessidade de um futuro imaginário, seja ele imaginado ou percebido como 'melhor' ou 'pior'.

Você é você mesmo - você não pode nada além de você mesmo. O conhecer existe separado do ser? O que quer que você possa conhecer com sua mente, é mental, não você; sobre você mesmo, você só pode dizer: 'Eu Sou, Eu estou consciente, Eu gosto disso.'

Cada prazer, físico ou mental, necessita de um instrumento. Ambos os instrumentos, ou físico ou mentail são materiais, eles sofrem de fadiga e se rompem. O prazer que eles fornecem é necessáriamente limitado na sua intensidade e duração. A dor é a base de todos os prazeres. Você os busca porque sofre. Por outro lado, a própria busca pelo prazer é a causa da dor. É um círculo vicioso.

Se você está com raiva ou sofrendo, separe a si mesmo da raiva e da dor, e observe-as. A externalização é o primeiro passo para a libertação. Afaste-se e olhe. Os eventos físicos continuarão acontecendo, mas, por si mesmos, eles não têm importância. É só a mente que importa. Se você apenas pudesse ficar em silêncio, livre de memórias e expectativas, você seria capaz de discernir a beleza dos padrões de eventos. É sua agitação que causa o caos.

Elas, a pessoa e a testemunha, parecem ser duas, mas sob investigação, descobre-se que são uma. A trindade mente, self e espírito, quando olhada de perto, torna-se uma unidade. Estes são apenas modos de exprimentar; apego desapego e transcendência.

O que está acontecendo agora é uma projeção de sua mente. Uma mente fraca não pode controlar suas próprias projeções. Seja consciente, portanto, de sua mente e de suas projeções. Você não pode controlar o que você não conhece. Por outro lado, o conhecimento traz poder. Na prática é muito simples. Para controlar a si mesmo, conheça a si mesmo.

Descubra tudo o que você não é. Corpo, sentimentos, pensamentos, idéias, tempo, espaço, ser e não-ser isto ou aquilo - nada concreto ou abstrato que você possa apontar é você. Uma simples declaração verbal não vai fazê-lo - você pode repetir uma fórmula indefinidamente, sem qualquer resultado. Você deve observar a si mesmo continuamente - particularmente sua mente - momento a momento, não perdendo nada. Esse testemunhar é essencial para a separação entre o eu do não-eu.

Você não pode evitar sobreviver! O seu eu real é atemporal e além do nascimento e morte. E o corpo sobreviverá tanto quanto necessário. Não é importante que ele viva muito. Uma vida plena é melhor do que uma vida longa.

Você não é consciente do que é realmente seu. Aquilo de que você é consciente, não é nem você, nem seu. Seu é o poder da percepção, não o que você percebe. É um equívoco tomar o consciente como todo o homem. O homem é o inconsciente, o consciente e o superconsciente, mas você não é o homem. Sua é a tela de cinema, a luz assim como o ver, mas a imagem não é você.

Não existe tal coisa como a experiência do real. O real está além da experiência. Toda experiência está na mente. Você conhece o real por ser o real.

Nem ignorância nem ilusão jamais aconteceram a você. Encontre o Self ao qual você atribui ignorância e ilusão, e sua pergunta será respondida. Você fala como se conhecesse o Self, e o vê sob o poder da ignorância e ilusão. Mas, na verdade, você não conhece o Self, e nem está consciente da ignorância. De todas as maneiras, torne-se consciente, isto o levará ao Self, e você compreenderá que nele não há nem ignorância e nem ilusão. É como dizer: se há sol, como pode haver escuridão? Assim como embaixo de uma pedra pode haver escuridão, não importa quão forte esteja o sol, assim na sombra da idéia 'eu-sou-o-corpo' deve haver ignorância e ilusão. Não pergunte 'porque' e 'como'. Está na natureza da imaginação criativa identificar-se com suas criações. Você pode parar com isso a qualquer momento, desligando a atenção. Ou pela investigação.

O prêmio do auto-conhecimento é a liberdade do eu pessoal. Você não pode conhecer o conhecedor, porque você é o conhecedor. O fato do conhecer comprova o conhecedor. Você não necessita de nenhuma outra prova. O conhecedor do conhecido não é conhecível. Assim como a luz é conhecida apenas em cores, assim o conhecedor é conhecido no conhecimento.

Descarte tudo o que você não é e vá ainda mais fundo. Assim como um homem que cava um poço descarta tudo o que não é água, até que ele atinja o lençol, assim você também descarta tudo o que não é seu mesmo, até que nada reste que você possa abrir mão. Você descobrirá que o que sobrou não é nada no qual a mente possa se fixar. Você nem sequer é um ser humano. Você simplesmente é - um ponto de consciência, co-extensivo ao tempo e ao espaço e além de ambos, a causa definitiva, não-causada em si mesmo. Se você me perguntasse 'Quem é você?' minha resposta seria: 'Nada em particular. E mesmo assim, Eu Sou.'

Quando o desejo e o medo se extinguem, os laços que o aprisionam também terminam. É o envolvimento emocional, o padrão do gostar e não-gostar, ao que nós chamamos de caráter e temperamento, que cria os laços que atam. Não tenha medo da liberdade, do desejo e do medo. Ela lhe permite viver uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão mais intensa e interessante, que verdadeiramente perdendo tudo você ganha tudo.

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